Oi Da Pieve, Fiquei feliz em sentir hoje, lendo Exílios (O Globo), o resgate do amor pelos gaúchos depois de viver há tanto tempo no Rio. Ontem no Canecão onde lançamos o Autorretrato (Kleiton e Kledir) fiquei supreso com a quantidade de sulistas presentes, apesar da chuva fria e do transito caótico. Não tem tempo ruim para a gauchada! Seu artigo ajudou-me a esclarecer esse sentimento de exilados que nos une. É verdade que em qualquer teatro do Brasil onde nos apresentamos sempre há gaúchos por perto (também em Paris onde morei anos 90 e por toda europa). Mas ontem era a maioria de um teatro quase lotado! Não há dúvida que todos buscamos repostas a nosso respeito. De onde viemos...o que somos realmente... Meu avô, como o seu, era também um imigrante, nesse caso da Galícia, Espanha e eu fui o primeiro Ramil que voltou e resgatou esse “elo perdido” com a família espanhola. Tem um primo por lá, também músico como nós, que já ganhou 4 vezes o prêmio de melhor tecladista do ano no país. Certamente você deve ter primos, por ora apenas presumíveis, que escrevam muito bem!Para esse novo trabalho resolvi beber na fonte da fonte, escutando música celta o que me inspirou em algumas frases para o violino, que podem soar pouco brasileiras a ouvidos mais radicais, mas como somos todos na verdade estrangeiros ou “passageiros de algum trem” porque não? O Brasil é país de passado recente, comparado aos europeus, por exemplo. E o Rio Grande do Sul foi um dos últimos estados colonizados. Ou seja: um contingente enorme de “vovôs e vovós”, que falavam uma mistura do português com sua língua natal, vieram de fora desse país. Por isso foi intensa a emoção quando li seu texto porque lembrei desse sentimento forte de estar “longe tão perto” em relação a cultura exuberante do centro do país, quando morava em Pelotas (quase na fronteira sul) e depois em Porto Alegre. Sem dúvida é um outro mundo. O que nos dá liberdade sim de sermos brasileiros, mas também de pertencermos a um tribo formada por exilados vindos de todo o planeta.
Abraços,
De Ramil
10.10.09
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Kleiton
ResponderExcluirAinda que não seja gaúcha, também sou imigrante...
Minha família não veio da Espanha e sim do norte de Portugal quase fronteira com Espanha...Meu pai conseguiu uns documentos antiguissimos que mostram a nossa origem...
Em se tratando de Brasil, me considero como tal, pois nasci em um estado considerado o mais pobre do nosso imenso país...e fiquei por lá até os 17 anos, indo depois pro Rio, onde permaneci por mais vinte e poucos... E sempre encontrava algo ou alguém que me remetia às minhas origens nordestina...
Há quase vinte anos atrás resolvi fazer a aventura de voltar a minha terra após longos anos de ausência e fui de onibus...olha que são quase três dias do Rio até a capital Teresina e mais cinco até minha cidade.
Quando saímos de Pernambuco e entramos no meu estado eram cinco horas da manhã e o ônibus que eu vinha, encontrou um outro, cheio de bóias-frias, isso mesmo aqueles que acordam de madrugada para poderem comer algo no dia e ao menos fazer uma refeição.
Nessa hora , lágrimas vieram com força...não consegui segurar.
Pensei: "é meu povo, minha gente!" O sangue falou mais alto e ainda fala quando vejo as secas, a caatinga, aquele povo sofrido do qual pertenço.
Enfim, ainda que andemos por vários lugares, aqui, na Europa, jamais sentimos a mesma coisa quando chegamos a nossa terra, nosso berço.
Creio que nessa hora,um sentimento de gratidão, de amor, se misturam com gratidão e orgulho por ser quem somos.
Que lindo texto Kleiton. Eu sei bem como se sente, não por ser gaúcha, mas por nascer em uma cidade tão jovem que ainda não tem uma "personalidade formada". Ela se chama Brasília. O Brasil é um país tão rico em diversidade cultural que parece que cada estado é uma nação. Minha terra é colonizada por todos esses países dentro do enorme continente Brasil. O engraçado é que todos falamos a mesma língua, ou quase. Sou uma mistura direta de Italianos, cariocas, mineiros e gaúchos. E percebo quando vou visitar a parentada em cada um desses lugares a diferença, que me faz perguntar. Quem sou eu? Isso é tão nítido aqui que quando perguntam para alguém de onde é, e a pessoa responde que é daqui mesmo, de Brasília, logo vem a pergunta complementar. "Mas seus pais são de onde?" Ou seja, de onde vem sua cultura e seus custumes?
ResponderExcluirQuando você vier a Brasília te proponho notar um pouco isso, é nítido e bem interessante.
Parabéns pelo sucesso do show no Kanecão hehehe.
Beijos carinhosos da mais nova Ramilete do fã clube Corpo e Alma.
Aline Mariano
Aline,Brasilia é muito jovem e ainda não tem identidade própria,é um caldeirão onde se misturam povos de vários lugares,vários países,vários estados.Estive em Brasília no ano passado e achei lindo aqueles parques todos em meio à cidade,só achei que há muito bege na pintura dos prédios.
ResponderExcluirGostei de Brasília,sua cidade para mim,foi muito acolhedora.
Bjs,Neide
Kleiton,
ResponderExcluirEu também sou forasteira,pois sou de Recife,Pernambuco e moro em São Paulo.
O meu pai,certa vez me mandou um livro de um escritor de lá chamado Dez famílias de Caruaru onde ele procura as origens dessas famílias.
O livro chega até minha avó materna e fala que a família descende de portugueses.Na verdade,nós,os brasileiros,somos mestiços de tantas raças pelo mundo afora.
No início,ser pernambucano em São Paulo me fazia alvo de algumas gozações,cheguei a ser demitida de um emprego por causa do meu sotaque,veja só...
Com o tempo eu me impus e hoje não vejo ninguém me hostilizando por isso.
Bjs,
Neide
Neide, é verdade os prédios são um pouco exagerados no bege, mas os Ipês coloridos contrastam com a cor do concreto das construções. Você é de um lugar lindo, o nordeste explode cultura e não deve ser alvo de hostilidade mesmo. Quando vier a Brasília denovo não deixa de dar um toque heim? E seja sempre bem vinda!
ResponderExcluirBeijokas!
Aline Mariano
Aline, é pura verdade mesmo...aqui em Brasília é muito típica aquela pergunta de "Mas seus pais são de onde?". Fiquei rindo quando você escreveu, é desse jeitinho mesmo, eheh. No meu caso, dá até rolo responder a esta pergunta, uma vez que minha mãe é paulista de ascendência italiana e meu pai é chinês filho de peruana com filipino. E essa peruana, por sua vez, era filha de um chinês com uma moça filha de índia peruana com um francês...um rolo só, dá até canseira tentar explicar, mas eu me divirto com a cara das pessoas quando começo a discorrer sobre minha árvore genealógica (ou floresta genealógica?). O próprio Kleiton, quando fui explicar uma vez isso a ele, fez uma cara muito divertida, ahahah.
ResponderExcluirMas isso tudo só pra dizer que a busca de nossa identidade é algo muito preciosa, mesmo que nem todos tenham despertado ainda para isso. Nela, a gente encontra resposta para um monte de porquês e também é uma maneira de a gente se irmanar com todos pois as diferenças são muitas, mas a essência humana é única.
Beijos, Aline, Neide, Sandra, Kleiton e tod@s!
Nossa Silvana, que mistura boa heim? Quero ouvir essa história de você, quando li seu resumo aqui, devo ter feito a mesma cara que o Kleiton fez hehehehe. Kleiton, esse seu espaço está tão "trocando figurinhas" que será que o Autorretrato além de CD e DVD rende um livro? hehehehehe
ResponderExcluirAline Mariano
Gente
ResponderExcluirEu já desisti de "ir atrás" da minha...
Meu pai andou pesquisando e descobriu que, a família dele toda veio do norte de Portugal, como disse lá em cima.
Quando eu era criança, só da família de meu pai , eram em torno de 30 primos...
Da última vez que contei e lembrei de primos, filhos de primos, só de um lado passou dos cem rsrsrs
E por parte da minha mãe a mesma coisa...pra vocês terem idéia, só em São José dos Campos são treze, pasmem , isso sem contar os filhos deles rsrsrs
A minha árvore genealógica tá pra lá de Bagdá rsrsrs
Isso porque a televisão só veio depois do início de tudo, imagina se vem antes?
Querido Kleiton, ao ler hoje, 10/10, a sua "Carta a Arthur Dapieve", tão elucidativa e bem escrita, pude perceber nela toda, além da sincera e verdadeira emoção mencionada, uma igual admiração pelo autor. Isso fez com que uma curiosidade aflorasse em nós, fãs fiéis, para tb lermos o referido texto, "Exílios".
ResponderExcluirHaveria a possibilidade de vc postar em seu blog a crônica do seu conterrâneo, Arthur Dapieve?(se entendi certo ele tb é gaucho...), ou não?
Acho que seria um belo presente para todos que como vcs, eu e tantos outros fãs que aqui comparecem, por motivos diversos, um dia tiveram de deixar sua terra natal!
A gente percebe que vcs, cantando e/ou escrevendo, sempre procuraram enaltecer, valorizar, engrandecer isso que chamamos "laços de família", raízes!
Fica a sugestão.
Em tempo:
Curiosas tb em saber com detalhes, tudo que aconteceu lá no Canecão, dia 8, viu?
Já sabemos que a "gauchada" bateu o ponto direitinho, mas queremos saber mais...muito mais, ok?
Imagino emoção total à flor da pele!
Conta aqui, por favor, tá?
Bjs,
celeste.
Kleiton,
ResponderExcluirEstou participando de um congresso,é aqui em São Paulo mesmo e aí reencontrei muita gente por lá.
O congresso vai até segunda feira,feriado.
Aí pensei em comprar uns Cds Autorretrato para dar de presente a alguns amigos.Demorei a encontrar(fala aí pro seu pessoal de divulgação que estão faltando Cds e DVDs de vcs aqui em Sampa.
Acontece que fiquei parada num farol lá na Av Paulista e apareceram uns meninos que limpam os vidros dos carros para ganhar uns trocados.
Apareceu um,de uns 16 anos e começou a limpar o vidro.
O farol demorou a abrir e ele limpou os vidros da frente e de trás e aí eu não tinha nenhum trocado para lhe dar.
Aí eu peguei um dos Cds Autorretrato e falei pro menino que o que eu estava lhe dando é melhor que dinheiro.Ele olhou o Cd e disse que não conhecia vcs e aí eu falei que é um Cd bom,de música de qualidade,ele sorriu e agradeceu.
Saí pensando que pode ser que ele nem tenha onde ouvir o Cd e se tem,o seu aparelho provavelmente nunca tocou um Cd original,só os piratas,devido a grana curta.Talvez ele venda o Cd e com o dinheiro compre algo para comer,quem sabe,até droga,pouco importa;foi muito bom ver o sorriso na cara dele,um menino pobre de um farol da cidade...
Tá vendo,a gente gosta tanto de vc que acaba fazendo essas coisas para mais e mais pessoas saberem da beleza da sua música.Eu fiquei feliz em fazer isso.
Bjs,Neide
Aline,deve ficar muito bonita a paisagem com ipês coloridos,um dia ainda vou ver isso;pode deixar,aviso a vc.
ResponderExcluirBjs.Neide
Meninas
ResponderExcluirO Referido texto encontra-se aqui:
http://www.oglobodigital.com.br/flip/index.php?idEdicao=6c12818f33e377faa72399f47da45305&idCaderno=73f623ca7d54cc1ec852a0e4d0e929e3&page2go=8
Desculpem-me intrometer-me!
Rose de Sampa
Neide
ResponderExcluirCheguei a chorar com a história viu?
Pode parecer incrível mas isso ainda acontece...e muito!
Bjs
Sandra
Obs.: Se eu ficar uns dias sem postar me perdoem, vou pro Rio hoje passar meu niver com mamãe e amigos.
Sandra,que bom que vc também é libriana!...Parabéns pelo aniversário e que vc seja sempre feliz assim e que continue a escrever aqui neste espaço.
ResponderExcluirBjs,Neide
Neide
ResponderExcluirSou libriana sim e pra piorar ascendente em libra, lado sentimento em virgo e profissional em escorpião, até o signo é uma bagunça que nem eu entendo rsrsr mas meu niver é só dia 15.
Bjs
Sandra
Ahrannn pensaram que iam ficar livres de mim...ando postando direto do colinho de mamãe...eh colo bão esse viu?
ResponderExcluirNada melhor do que ser paparicada rsrssr
Mas venho dar uns "pitacos" no blog e ler o Kleiton, afinal não basta ser kleitete tem que participar rsrs (ele ao ler as loucuras que escrevo deve ir as gargalhadas).
"coisa boa é um amigo pra poder conversar ..."
Bjs
Sandra
Gente nada a ver com o assunto,hoje na casa da minha mãe revirando uns "bolachões", sim aqueles LP´s antigos em pleno século 21 e da tecnologia de ponta ainda escuto rssrs encontrei uma raridade rsrs disco dos guris de...1980 e ainda com o encarte rsrsr
ResponderExcluirTenho outros que estão comigo em sampa mas encontrar esse ...resultado: ouvi tudimmmmmm
bjs
Sandra